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terça-feira, 2 de agosto de 2011

"Camaleão' Ney chega aos 70 na pele de grande (e inclassificável) cantor"



Ney Matogrosso completou inacreditáveis 70 anos nesta segunda-feira, 1º de agosto de 2011. A descrença vem no fato de que o tempo parece não ter passado para o Camaleão, que vira septuagenário ainda na pele de um grande cantor. A rigor, um dos maiores cantores do Brasil - e do Mundo, por que não? - de todos os tempos. De timbre único que tangencia o registro dos tenorinos, a voz continua em (grande) forma. Com sua tessitura de contralto, essa voz cruzou meteoricamente o Brasil em 1973 como facho andrógino de luz em período de trevas.

O Brasil não conseguiu ficar indiferente ao aparecimento de Ney Matogrosso na cena nacional. Mas o que ninguém talvez tenha suposto na época é que o artista transcenderia o fenômeno sócio-político-musical que foi o surgimento do (efêmero) trio Secos & Molhados. Quase quatro décadas depois daquela explosão meteórica, já com 70 anos, Ney de Souza Pereira permanece em cena e nos CDs como uma das referências máximas do canto popular brasileiro.

Intérprete camaleônico, Ney é inclassificável não somente pela natureza rara de sua voz, mas por trocar de pele a cada disco e show, alternando recitais camerísticos com espetáculos de moldura pop. É um artista completo. Ao preciosismo vocal, ele sempre adicionou no palco mise-en-scène que captura de imediato a atenção do espectador. Tamanha vitalidade e inquietude tem sido o combustível de discografia irretocável. Mesmo quando seguiu as batidas fórmulas do mercado fonográfico, repetindo seus próprios padrões em álbuns dos anos 80, Ney sempre pairou acima da banalidade reinante.

Contudo, é fato que o show-disco O Pescador de Pérolas (1987) foi divisor de águas nesta carreira por mostrar que, com ou sem fantasia, o intérprete conserva sua grandeza em cena. Foi uma virada - a rigor, já esboçada no show-disco Seu Tipo (1979) - que permitiu que Ney chegasse aos 70 anos sem rótulos e sem amarras. Admirado mais pelo conjunto da obra do que por seus eventuais hits, o cantor recusa o posto de senhor da canção brasileira e ainda surpreende - como no recente espetáculo deste ano de 2011 em que cantou músicas do compositor paulista Itamar Assumpção (1949 - 2003) com a banda Isca de Polícia. Produtivo, o artista já prepara para 2012 álbum que vai entrelaçar músicas de jovens autores da cena indie com temas de veteranos compositores marginalizados pelo mercado. Tamanha vitalidade desmente os 70 anos que Ney Matogrosso completou ontem. É um artista de seu tempo!

Fonte: Notas Musicais

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